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EM NOME DA FÉ: UMA TRAIÇÃO SAGRADA - CONHEÇA O DOCUMENTÁRIO DA NETFLIX

Foto do escritor: Jéssica CarolineJéssica Caroline


ALERTA DE GATILHO: A MATÉRIA A SEGUIR TRATA DE TEMAS SENSÍVEIS


OBS.: O DOCUMENTÁRIO E OS ACONTECIMENTOS REAIS QUE O INSPIRARAM NÃO REFLETEM A OPINIÃO DO AUTOR DO TEXTO OU DOS MEMBROS DA PÁGINA.


Em nome de Deus é o mais recente documentário da Netflix. Na produção, conhecemos 4 seitas sul coreanas comandadas por líderes que se diziam a reencarnação de Jesus e falavam em nome de Deus, mas, na verdade, estavam cheios de segredos e deixavam um rastro de destruição e tragédia por onde passavam.


E para piorar, apesar dos seus crimes terem se tornado públicos, nenhum desses líderes pagou efetivamente por eles. Alguns, inclusive, suspeita-se que continuam vivendo livremente, inclusive com empresas na indústria do K-pop.


A série documental da Netflix originalmente chamada de In the Name of God, A Holy Betrayal, recebeu aqui no Brasil o nome de Em Nome da Fé: Uma Traição Sagrada. A produção conta com 8 episódios que retrata as histórias conturbadas e polêmicas de 4 líderes religiosos coreanos.


São eles: Jung Myung Seok da JMS, Kim Kisoon da Baby Garden, Park Soonja da Five Oceans e Lee Jaerock líder da Igreja Central Manmin. Essas quatro pessoas, com palavras bem ensaiadas e capacidade de manipulação, arrastaram multidões entre as décadas de 1980 e 1990, repercutindo até os dias atuais, professando uma religião criada por eles próprios e usada unicamente para cometer crimes como abuso sexual, desvio de dinheiro e assassinatos.


O documentário é uma produção de Cho Sunghyun. Em uma conferência de imprensa para divulgação do lançamento, ele revelou que o motivo de produzir a história foi porque várias vítimas eram familiares e amigos próximos seus.


Curioso notar que todos esses cultos surgiram entre a década de 1980 e 1990. 1980 foi considerado um período especialmente turbulento para a Coreia do Sul com uma ditadura no poder e graves problemas financeiros enfrentados pelo país. Diante das dificuldades e problemas enfrentados pelos coreanos, muitos se apegavam a fé como forma de esperança para superar os tempos difíceis, o que permitiu que essas seitas se propagassem e crescessem rapidamente nesse período.


Infelizmente, essas pseudo-religiões ainda se mantém muito forte, inclusive, é possível ver no documentário os membros da equipe e vítimas reais que estavam dispostas a dar entrevistas e revelar seu sofrimento sobre o caso, sendo perseguidas. Apesar disso, o próprio produtor revelou que está feliz com o resultado da série, pois seu objetivo é trazer a tona os crimes cometidos para que eles não sejam esquecidos nem repetidos. Além de conscientizar aqueles que ainda defendem esses líderes criminosos.


Dentro da Coreia, a série gerou tanta repercussão que medidas foram iniciadas pelo governo e a produção liderou o ranking de acessos na Netflix-Coreia. Curiosamente, essas histórias já tinham sido expostas inúmeras vezes na TV coreana, em grandes emissoras, porém, foi a primeira vez que repercutiram de forma considerável na sociedade.


Alguns grupos inclusive entraram na justiça para tentar derrubar o documentário e impedir sua divulgação, o que demonstra a força que essas seitas e seus líderes ainda possuem. Por sorte, os pedidos foram negados e a liberdade não foi cerceada.


Apesar de importante, a história deve ser assistida com cuidado, afinal as histórias são chocantes e a produção fez questão de manter tudo o mais explícito possível, por isso, as provas como gravações de telefone e vídeos filmados, não possuem cortes, apenas os nomes das vítimas foram alterados e os rostos foram cobertos para evitar identificação.


JUNG MYUNG SEOK DA JMS



O primeiro a ser retratado na série é Jung Myungsok líder da JMS (Jesus Morning Star), um homem que usava da fé de jovens mulheres para abusá-las sexualmente. Considerando-se a reencarnação de Jesus na terra, o líder manteve sua igreja nas décadas de 1980 e 1990. A igreja atraia especialmente jovens, tanto em idade escolar como de muitas faculdades de alto padrão da Coreia, pois focava em atividades culturais variadas com passeios e eventos ao ar livre.


Além disso, a fama de que Jung Myungseok tinha a capacidade de adivinhação e cura logo se espalhou, algumas pessoas que aparecem no documentário, inclusive, alegam que foram curadas pelo pastor. Outro exemplo que é confirmado na série é a revelação de Jung Myungseok quanto à eleição presidencial de 1987.


Em 1991 as vítimas começaram a aparecer, a partir do relato de uma das seguidoras, que após tentar fugir da seita, passou a ser perseguida e ameaçada por membros do culto, chegando a ser espancada e sequestrada por eles.


Com o poder que possuía, Jung Myungseok ainda viveu alguns anos como fugitivo em outros países, sem deixar de cometer seus crimes, só sendo realmente preso em 2007 na China. Durante esse período em que o líder da seita se manteve escondido, muitas pessoas que trabalhavam para revelar suas mentiras e crimes foram espancadas.


Um dos relatos é do professor da Universidade de Dankook, Kim Do Hyung, cujo pai foi atacado por seguidores de Jung Myungseok. Seu pai, que ainda está vivo, inclusive participa das entrevistas. Mas apesar de seus crimes serem expostos de forma tão clara, Jung Myungseok foi solto em 2018 e retornou a suas atividades normalmente. Atualmente não se sabe ao certo seu paradeiro e se ainda responde por outros crimes.


PARK SOONJA E A FIVE OCEANS



A segunda história também começa no ano de 1987 e é sobre a empresa artesanal, 5 Oceanos e o caso de suicídio coletivo de seus seguidores e da presidente da empresa, Park Soonja.


5 Oceanos era uma empresa artesanal, considerada uma empresa de sucesso. Também focada em doações, cujos empregados viviam com suas famílias na empresa. Sob influência da posição social que ocupavam, Park Soonja, começou a fazer empréstimos privados, sob a alegação de que o dinheiro iria para ajudar os órfãos que a empresa cuidava. Mas a realidade era que a empresa era apenas de fachada e os órfãs eram, na verdade, filhos dos credores que a empresa se oferecia para cuidar e acabava usando para fazer campanha.


Acredita-se que depois que a empresa ficou sem condições de pagar os juros, sendo pressionada por mais e mais credores, Park Soonja e seus fiéis seguidores decidiram fugir, escondendo-se na fábrica da empresa, onde os corpos foram achadas depois de alguns dias. E até hoje não se sabe se foi realmente suicídio ou assassinato.


A única coisa que foi descoberta após a morte, era que Park Soonja e sua seita eram subordinadas a Yoo Byeongun, líder religioso e presidente da Samwoo Trading, atual Semo Corp., uma holding ligada a vários setores da indústria, especialmente transporte marítimo.


O mistério, porém ficou sem solução, pois Yoo Byeongun, nunca foi relacionado ao caso da seita e após o desastre da Balsa Sewol (cuja empresa de Yoo Byeongun era dona), que deixou quase 300 pessoas mortas, ele foi encontrado morto em 2014, após fugir de uma série de acusações relacionadas a crimes cometidos durante sua gestão a frente da empresa. Essa sua fuga, entrou para a história, como a maior caça a um homem na história sul-coreana mobilizando cerca de 9.000 policiais.


KIM KISOON, BABY GARDEN E A SYNNARA RECORD



O terceiro caso apresentado na série é o de Kim Kisoon, a líder do Baby Garden, um culto iniciado no final da década de 1970, mas que também recebeu notoriedade pelos seus crimes na década de 1980.


O culto, diferente dos demais, era restrito, liderado por Kim Kisoon que se autodenominava Agaya quando dizia incorporar uma criança de 3 anos. Ela e os seus fiéis viviam juntos em uma grande propriedade considerada o Jardim dos Bebês e o Paraíso na Terra, mas dentro daquele lugar, as coisas eram bem diferentes: os fiéis viviam em condições subumanas; mesmo as famílias eram obrigadas a viver separadas (enquanto ela dormia com vários dos jovens da seita todas as noites); todos eram obrigados a dar grandes ofertas a líder e os que não tinham dinheiro eram obrigados a trabalhar incansavelmente tanto na propriedade que foi construída pelos próprios fiéis, como nas ruas, vendendo cosias.


Como se todas essas circunstâncias não fossem deploráveis o suficiente, Kim Kisoon ainda foi acusada de pelo menos 3 assassinatos (o de uma criança de 7 anos, de uma jovem por quem um dos filhos de Kisoon tinha interesse e um homem que supostamente não havia obedecido suas ordens), que apesar de se tornarem públicos, no fim das contas, ficaram sem solução.


Segundo seguidores que aceitaram participar do documentário, a líder convencia seus fiéis de que algumas pessoas estavam possuídas e para que fossem libertas precisavam passar por espancamentos. Kim Kisoon, inclusive obrigava filhos a espancarem seus pais, como forma de punição.


Infelizmente, assim como nos demais casos, Kim Kisoon não foi condenada por nenhum desses crimes, mesmo após fugir e só se render em 1996, sendo condenada por evasão fiscal. Sua condenação incluía também uma multa, o que não foi difícil para ela pagar, afinal além de estar muito rica devido a todo o dinheiro dos fiéis que recebia, a líder já possuía a Synnara Record, que à época já era a maior distribuidora de discos da Coreia.


O crescimento da empresa, se deu especialmente pelo baixo preço dos produtos, que muitos alegam ser decorrente dos membros da seita que trabalhavam de graça no negócio. Apesar das informações se tornarem públicas e o atual CEO da Synnara Record, ser um ex-funcionário da Aga Dongsan, seita de Kim Kisoon - o que reforça a tese de que ela ainda é a presidente da empresa - nada nunca foi provado e Kim Kisoon segue supostamente vivendo uma vida livre, porém reclusa, mas provavelmente muito confortável ainda a frente da empresa que continua grande na indústria do k-pop.


LEE JAEROCK E MANMIN CENTRAL CHURCH



O último caso, mas não menos chocante é a seita liderada por Lee Jaerock. A igreja também começou na década de 1980, mas seu crescimento ocorreu mesmo na década seguinte e se estendeu após os anos 2000, como uma grande igreja.


Segundo o próprio Lee Jaerock, sua relação com Deus havia começado ainda na infância, quando ele foi curado de uma doença e desde então tinha a certeza que havia sido o escolhido do Senhor. Ele se tornou tão famoso que chegou a pregar no Madison Square Garden em Nova Iorque com seus cultos de cura, libertação e ressurreição. Enquanto usava o dinheiro dos fiéis em jogos de azar em Las Vegas e abusava das jovens que faziam parte de sua igreja.


Além disso, o líder estipulava uma espécie de divisão de casta entre seus seguidores, assim quem doava mais sentava numa cadeira mais à frente nos seus cultos; ainda cobrava para tirar fotos, ter encontros individuais e mantinha uma loja onde a igreja produtos seus.


Mais uma das controvérsias emblemáticas apresentadas no documentário foi a confusão entre a Igreja de Manmin e a MBC. A grande rede de TV sul-coreana tinha um programa chamado PD Note onde investigava situações controversas de forma crítica e o líder da igreja foi investigado em um episódio por suas práticas fraudulentas (o que já demonstrava o quanto seus crimes eram públicos). Ao tomarem conhecimento desse programa, a igreja tentou por vezes impedir que o programa fosse ao ar, e como não obtiveram êxito, no dia de sua exibição, invadiram a sede da MBC e conseguiram tirar o programa do ar.


Sendo o caso mais recente dentre todos apresentados no documentário, Lee Jaerock foi preso em 2018 condenado a 15 anos de prisão por alguns de seus crimes. Atualmente ele permanece preso no Centro de Detenção de Daegu, mas até hoje existem fiéis que mantêm sua igreja e aguardam seu retorno.




Fontes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

Não retirar sem os devidos créditos.

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