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KISS OF LIFE e a polêmica cultural: quando a homenagem vira ofensa

  • Foto do escritor: Rami
    Rami
  • há 6 minutos
  • 3 min de leitura

No último mês, o grupo feminino Kiss of Life enfrentou uma enxurrada de críticas após uma live de aniversário que rapidamente se transformou em um escândalo internacional. O motivo? As integrantes escolheram uma temática considerada ofensiva: durante a transmissão, utilizaram roupas e acessórios ligados a cultura HIP HOP / R&B, imitando maneirismos e atitudes que reforçam uma imagem caricata e superficial da cultura negra. A reação do público foi imediata — e severa.


A live, realizada em 2 de abril de 2025, celebrava os 25 anos da integrante Julie, com o tema “hip-hop old-school”. As membros usaram correntes douradas, bonés, gírias e penteados como cornrows e Bantu knots — elementos profundamente ligados à cultura afro. No entanto, em vez de ser vista como uma homenagem, a performance foi interpretada como apropriação e reforço de estereótipos racializados, apresentados sem contexto ou respeito.



Fãs ao redor do mundo, especialmente da diáspora africana e afro-americana, manifestaram repúdio. A situação se agravou com a ameaça de um possível black ocean — protesto silencioso em que o público apaga seus lightsticks —, caso o grupo se apresentasse no KCON LA. Poucos dias depois, veio a confirmação: o Kiss of Life foi retirado do line-up do evento.


Mas o que esse caso realmente revela?


Estereótipos raciais e superficialidade no K-pop

Infelizmente, essa não é uma ocorrência isolada. Apesar de ser um fenômeno global, o K-pop tem um histórico problemático no que diz respeito à representação racial — especialmente da negritude. De episódios de blackface em programas de TV coreanos a apropriações de roupas, penteados e expressões, muitos artistas já foram flagrados reproduzindo elementos da cultura negra de forma distorcida, descontextualizada e, muitas vezes, ofensiva.


O problema vai além da reprodução desses comportamentos: está na naturalização dessas atitudes dentro da indústria. Muitos idols sequer compreendem o peso cultural e histórico das representações que assumem. E isso nos leva a um ponto central: a responsabilidade das empresas.


Falta de orientação e preparo intercultural

Grande parte das agências sul-coreanas ainda falha em oferecer orientação e treinamento cultural adequado a seus artistas, mesmo sabendo que seu público é internacional — e racialmente diverso. Enquanto trainees passam anos sendo treinados para cantar, dançar e atuar, quase nenhum recebe formação sobre como interagir com outras culturas com respeito.


No caso do Kiss of Life, as integrantes são jovens, o que reforça ainda mais a responsabilidade da S2 Entertainment, que deveria supervisionar e vetar temas sensíveis antes de qualquer conteúdo ser publicado. A negligência institucional é parte do problema. Após a repercussão negativa, a empresa emitiu um pedido de desculpas e removeu os vídeos da live. No entanto, para muitos, a resposta foi tardia e insuficiente.


Qual o futuro do grupo?

Com a exclusão do KCON LA e a intensa reação online, o futuro do Kiss of Life se torna incerto. Mesmo que haja novos pedidos de desculpas — mais diretos e pessoais —, a imagem do grupo já sofreu danos consideráveis. Embora a Coreia do Sul historicamente minimize discussões raciais internamente, a pressão internacional pode ser um ponto de virada.


Mais do que um "cancelamento", esse episódio escancara a necessidade urgente de uma conversa séria dentro da indústria sobre responsabilidade, educação e respeito às culturas que inspiram seus artistas. O K-pop já bebeu — e continua bebendo — intensamente da fonte da cultura negra, principalmente em gêneros como hip-hop e R&B, além da estética visual. Ignorar o contexto desses elementos é não só desrespeitoso, mas também contraditório para uma indústria que deseja se manter relevante globalmente.


O debate precisa continuar

A polêmica com o Kiss of Life não é um evento isolado — é um sintoma de um problema estrutural: a forma como o K-pop se apropria de culturas marginalizadas sem compreender ou respeitar seu significado. E mais grave ainda é a falta de preparo das empresas para lidar com esse cenário globalizado, onde ignorância e neutralidade já não são mais opções.

Se o K-pop deseja continuar como um fenômeno mundial, precisa crescer junto com seu público. Isso exige investimento em educação cultural, responsabilidade institucional e, acima de tudo, escuta ativa às vozes que, há décadas, vêm sendo silenciadas ou estereotipadas.


A cultura negra não é um figurino. Não é uma estética passageira. É uma história de luta, identidade e resistência. Usá-la como adereço, sem respeito ou entendimento, perpetua a exclusão que o próprio K-pop afirma combater.


A indústria precisa fazer uma escolha: amadurecer ou perder sua relevância exatamente onde mais importa — nos corações de seus fãs.


Conteudo exclusivo Não retirar sem os devidos créditos!



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