O ar frio e vivo ao amanhecer; a brisa doce logo antes das flores começarem a florescer e o cheiro do sol que enche o ar no pôr do sol. Todos os dias eram deslumbrantemente lindos. Mesmo se você estiver sofrendo agora, todos os vivos tem o direito de aproveitar tudo isso todos os dias, mesmo se um dia comum for seguido de outro dia comum ainda vale viver a vida.
The Light In Your Eyes ou Dazzling é um drama da JTBC de 2019 que acompanha Kim Hyeja (Han Jimin, de One Spring Night), uma jovem que mora com os pais e o irmão mais velho. Seu sonho sempre foi ser âncora de jornal, mas aos 25 anos Hyeja se dá conta de que, na verdade, não sabe o que quer para a vida.
Seus dias se passam ao lado das amigas: Sangeun (Song Sangeun) que há 10 anos é uma trainee sem muitas chances e Hyunjoo (Kim Gaeun, de Because This Is My First Life) que trabalha no restaurante do pai. Até que Hyeja conhece Joonha (Nam Joohyuk, de Start-Up), um jovem, com uma promissora carreira de repórter, que mora em seu bairro. Apesar de um primeiro encontro um tanto quanto conflituoso, Joonha e Hyeja não conseguem ficar separados até que uma tragedia tira a vida do pai de Hyeja.
Desesperada, ela usa um antigo relógio mágico que guarda desde a infância, para voltar no tempo e trazer o pai de volta, mas como consequência, ela se torna uma senhora de 65 anos.
Passado o choque inicial, Hyeja tenta aceitar sua nova condição, mas não é tão simples. Se adaptar as limitações da idade se torna um grande desafio e como se não fosse suficiente, ela é obrigada a assistir de perto a degradação de Joonha que é a personificação do sofrimento: sua mãe o abandonou na infância, por considerar seu nascimento um erro; e seu pai só aparece para atrapalhar sua vida já difícil; além disso, sua avó, que era seu único porto seguro, faleceu e Hyeja desapareceu. Ou seja, toda a esperança de Joonha se foi, por isso ele já não vê sentido para viver.
Só que por coincidência a Hyeja de 65 anos o encontra trabalhando num centro para idosos. E mesmo sem ele fazer a menor ideia de quem ela é, ela está determinada a fazê-lo retomar os rumos de sua vida.
Mas não se engane, achando que os 12 episódios da série se encaminham para um desfecho lógico. Superado o primeiro episódio, um tanto quanto lento, é impossível não se apaixonar por essa delicada história.
Hyeja, em sua nova vida vai nos mostrar como muitas vezes os mais velhos são desprezados pela família, a exemplo da Senhora Chanel, até o seu falecimento, sua identidade é um mistério. Desde que seu marido morreu ela mora em um hotel e seu filho que cortou laços, só aparece no momento de seu enterro.
Temos também Jeongeun (Lee Jungeun) e Daesang (Ahn Naesang), mãe e pai de Hyeja, respectivamente - ambos atores fizeram Law School e estão em mais uma infinidade de k-dramas que nós amamos -. Jeongeun é quem comanda o salão de beleza e a casa com pulso firme; resiliente, ela esconde os sofrimentos para ajudar os outros e representa a base da família. Já Daesang, depois do que aconteceu com Hyeja se tornou apático e triste. As cenas em que o personagem aparece, especialmente em casa com a família, fazem a quem assiste sentir os mesmos sentimentos inquietantes e sufocantes dos personagens infelizes.
Só que quando Hyeja verdadeiramente começa a se conformar com seu destino, ela encontra o relógio que a permite viajar no tempo com um senhor que também frequenta o centro de idosos. Mas quando finalmente consegue recuperar o objeto, a história nos traz um plot twist tão inesperado, que é como se uma nova história se iniciasse já nos últimos episódios.
É então que descobrimos a real ligação entre os personagens e tudo que construímos até aqui da história se desfaz deixando uma mensagem ainda mais bela do que seria possível imaginar, sobre a beleza de cada dia comum, apesar dos sofrimentos que compõem a história de cada um de nós.
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