Nos últimos meses o assunto mais comentado entre os sul coreanos se tornou as eleições parlamentares do país. Os sul-coreanos irão às urnas nas eleições gerais de 10 de abril, com todos os 300 assentos na Assembleia Nacional em disputa. Não muito diferente de nosso país nos últimos anos, a polarização das preferências políticas dos cidadãos e as divisões políticas tradicionais já não ditam os resultados eleitorais. São nestes momentos de escolha que as polêmicas surgem do intuito de endossar um apoio ou contrapor-lo. Especialistas dizem que cerca de 30% ou 40% dos 44 milhões de eleitores da Coreia do Sul são politicamente neutros e que quem eles acabarem apoiando determinará provavelmente os resultados das eleições de 10 de abril.
Enquanto muitos candidatos se mantém afastados de assuntos tradicionalmente populares como as ameaças nucleares norte-coreanas e o compromisso de segurança dos EUA, outros assuntos vem tomando os holofotes da corrida política no país. O aumento do preço de alimentos básicos da mesa do coreano, o protesto dos médicos contra a pressão do atual presidente para aumentar o limite anual de admissão nas faculdades que supostamente prejudicaria os futuros serviços médicos do país e o uso de uma retórica tóxica entre os candidatos em suas campanhas. Todos esses tópicos passaram a ser os assuntos mais comentados pela sua sociedade e é claro que o meio midiático tem a função importante em informar, formar , influenciar é até despistar esses tópicos e a escolha de como passar essas informações tem um papel notável na decisão dos eleitores sobre seus candidatos.
A influência das celebridades e seus escândalos
Algumas celebridades sul-coreanas e outras figuras públicas, manifestam suas escolhas políticas. Estas aprovações podem influenciar a opinião pública, especialmente entre os eleitores mais jovens, que constituem uma parte significativa do eleitorado. Celebridades com grande número de seguidores exercem influência considerável sobre as decisões de voto de seus fãs.
Além disso, um fenômeno é quase sempre notado em época de eleição na Coreia do Sul. O aumento considerável de polêmicas envolvendo celebridades, o que julgam muitos hoje ser apenas uma testa de ferro para o que acontece nos bastidores políticos. Em outubro do ano passado, o uso de drogas pelas celebridades sul-coreanas dominavam as manchetes. enquanto isso, o principal partido da oposição política no país afirmava que a investigação em curso era premeditada, onde escândalos eram mais do que convenientes em um momento que o governo conservador estaria enfrentando uma suposta crise.
Programas de variedade: um novo olhar sobre os candidatos
Os candidatos políticos costumam aparecer em programas de variedades populares da Coreia do Sul. Se sabe que a televisão é um dos maiores meios de comunicação utilizados no mundo e principalmente Coreia. Os programas de variedade são populares e conhecidos por serem programas que reunem famílias na frente da televisão. Para se conectarem com os eleitores em um ambiente mais descontraído e envolvente, as aparições dos candidatos nesses programas os permitem apresentar suas personalidades e políticas a um público amplo, aumentando potencialmente a sua popularidade e apelo.
Sátiras políticas
Ao mesmo tempo que programas de entretenimento sul-coreanos podem auxiliar na construção da imagem de um candidato, outros são capazes de destrui-las quando se utilizam das sátiras políticas como meio de arrancar risadas. As representações satíricas de figuras políticas podem influenciar as atitudes dos eleitores e contribuir para o discurso público em torno das eleições.
Na história coreana moderna, a sátira política começou a ser exibida na televisão após o fim do regime militar em 1988. Programas de comédia populares como "People Looking for a Laugh" da SBS e "Gag Concert" da KBS exibiram esquetes satíricos, mas o original " SNL Korea", que foi introduzido pela primeira vez no final de 2011 através da rede a cabo tvN, que desde então é responsável pelas sátiras politicas mais polemicas lançadas.
Eventos e shows
Comícios e eventos políticos frequentemente incorporam elementos de entretenimento, como apresentações musicais de e exibições culturais. Estes eventos ajudam a energizar os apoiantes e a atrair a atenção dos meios de comunicação social, contribuindo para a estratégia global de campanha dos partidos políticos e dos candidatos. As campanhas centradas nesse tipo de entretenimento podem ser particularmente eficazes no envolvimento dos eleitores mais jovens que podem estar desiludidos com os processos políticos tradicionais. Ao alavancar a cultura popular e os meios de entretenimento, os candidatos políticos podem mobilizar a participação dos jovens e incentivá-los a exercer os seus direitos de voto.
O poder do fandom
Os fãs de K-pop nos EUA chegaram às manchetes em 2020, quando reservaram ingressos para um dos comícios de Donald Trump e depois não compareceram, deixando o presidente diante de um auditório quase vazio. No Brasil, os fãs usaram táticas semelhantes para alcançar fãs apolíticos. O grupo Army Help the Planet foi originalmente formado para combater as alterações climáticas, mas voltou a sua atenção para o registro de eleitores antes das eleições presidenciais de Outubro de 2022. No início da sua campanha de recenseamento eleitoral, os jovens de 16 e 17 anos (para quem o voto é opcional, embora seja obrigatório para a maioria dos cidadãos com 18 anos ou mais) estavam no nível mais baixo dos últimos 30 anos. A campanha ajudou a contribuir para um nível recorde no número de jovens registados para votar, em outubro, Bolsonaro foi derrotado na reeleição pelo ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva. Os fãs não usam de sua união somente fazendo campanha on-line por seus favoritos e em transmissões do Spotify ou visualizações no YouTube. Mostrando sua influência em questões mundiais, os fãs de K-pop se tornaram cidadãos globais, usando o poder de tornar ídolos e grupos populares em questões e causas políticas,
No geral, o entretenimento e a mídia desempenham um papel multifacetado nas eleições sul-coreanas, influenciando as preferências dos eleitores, moldando o discurso político e mobilizando o envolvimento público no processo eleitoral. No entanto, é essencial reconhecer que, embora o entretenimento possa ser uma ferramenta poderosa para a comunicação política, os eleitores não devem sempre confiar em um único lado que lhes é mostrado. Continua sendo de suma importância considerar uma série de outros factores como a iniciativa do eleitor em buscar as informações e não se tornar refém do que lhe é mostrado.
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