Se você faz parte da dramaland já deve ter percebido uma das categorias de personagens quase sempre presentes nas histórias contadas pelas novelas coreanas, os chaebols (재벌). Chaebols são aquelas pessoas de famílias que pertecem a grandes conglomerados empresariais e que dominam grande parte da economia sul-coreana. Para se ter uma noção dessa grandiosidade de controle, em 2021 a receita dos dez maiores chaebols, que incluem nomes conhecidos pelo mundo como Samsung (삼성) e LG (엘지), representava cerca de 60% do PIB do país o inteiro. Mesmo durante a pandemia de COVID-19, enquanto os pequenos negócios lutavam para sobreviver, os chaebols permaneceram fortes.
A Federação das Indústrias Coreanas foi formada pelos chaebols em 1963 para promover seu interesse e apoiar a iniciativa de Park Chung-hee, o controverso líder histórico da Coreia do Sul, que organizou um golpe e por meio de uma junta militar, tornou-se presidente no ano. Após o reconhecimento oficial de seu regime pelos EUA, Park decidiu que a Coreia do Sul se tornaria uma nação forte, precisava de uma economia forte. Ele agia como a voz dos chaebols e sua missão era promover a coordenação entre eles.
Sem uma indústria de entretenimento tradicional como a da Coreia de hoje que foi projetada para o mundo, os presidentes e fundadores dos chaebols tornaram-se celebridades e heróis de um país ainda em desenvolvimento. Hoje, os chaebols continuam sendo uma força poderosa na Coreia do Sul. Eles sustentam a economia nacional e desfrutam de relacionamentos íntimos com o governo sul-coreano. Entretanto, a dinâmica de poder assimétrica entre o governo e os chaebols pode ser vista em muitos dos escândalos de corrupção que assolaram a Coreia do Sul nos últimos tempos.
Corrupção
Os chaebols estiveram no centro de numerosos julgamentos de corrupção nos últimos vinte anos. As prisões de Lee Jae-yong e da ex-presidente Park Geun-hye são apenas algumas das últimas de uma longa série de escândalos centrados em chaebol. Em 2018, Lee Myung-bak, predecessor presidencial de Park Geun-hye, foi condenado a 15 anos de prisão depois de ser considerado culpado de desviar US$ 22 milhões e aceitar US$ 10 milhões em subornos da Samsung e outras empresas sul-coreanas. Em 2012, um oficial militar sul-coreano foi preso por aceitar subornos da LG.
O julgamento por corrupção que levou Park Geun-hye e Lee Jae-yong à prisão foi estimulado por enormes e regulares protestos contra a corrupção em toda a Coreia do Sul. Mais tarde naquele ano, Moon Jae-in venceu a eleição presidencial fazendo campanha em uma plataforma anticorrupção. No entanto, as coisas pararam no ano passado. Em dezembro de 2021, o presidente Moon Jae-in perdoou a ex-presidente Park, apesar de sua sentença de 22 anos de prisão. Agora, com o herdeiro da Samsung igualmente perdoado, parece que aqueles que estão envolvidos com os chaebols permanecerão acima da lei, afinal.
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