Comparado a alguns anos atrás, a indústria de K-pop não chegava nem perto de ser tão reconhecida como hoje. Entretanto, mesmo o gênero musical tem escapado pelo menos um pouco da bolha, a população não consumidora do conteúdo pouco sabe sobre as características, termos, políticas e histórias do imenso mundo da música pop coreana. E como todo indivíduo que é ignorante sobre um assunto, os piores esteriótipos são as imagem que os não kpoppers tem dos fãs, dos artistas e do próprio país que se originou. Esses fatos podem gerar em muitas pessoas o receio e uma certa vergonha em declarar sua paixão pelo ritmo. Aqui vamos abordar alguns das possíveis motivações dessa insegurança, mas desde já vamos considerar como é importante reconhecer que desfrutar do K-pop ou de qualquer forma de entretenimento é uma preferência pessoal e não há nada inerentemente vergonhoso nisso. As pessoas têm gostos e interesses diferentes, e ser fã de K-pop não é diferente de ser fã de qualquer outro gênero musical ou forma de entretenimento.
Etarismo
O mercado alvo do K-pop são claramente os jovens. Mas não podemos esquecer que o gênero está na ativa desde 1996, portanto, seus primeiros fãs envelheceram, assim como seus artistas das primeiras gerações. Mesmo sendo geralmente direcionado a adolescentes, não é incomum ter fãs mais velhos que ou acompanham a muito mais tempo, ou que se tornaram fãs do K-pop recentemente. Muitos indivíduos de fora e inclusive os de dentro da bolha consideram pessoas com uma maior idade, como não "típicos" fã de K-pop. Muitos fãs mais jovens têm dificuldade em entender por que um uma pessoa considerada por seus olhos “velha” com família e trabalho seria fã de talentosos jovens coreanos.
Um dos motivos da maioria dos fãs tender a não usar suas próprias fotos em contas de fãs nas redes sociais e preferirem usar as fotos de seus ídolos como uma forma de mostrar sua adoração, é, também, uma forma de mascarar seu verdadeiro eu. Isso lhes dá a liberdade de serem stan, sem muita reação negativa que pode vir daqueles que percebem que o K-pop é para a geração mais jovem.
Sem perceber ou não, esses tipos de pessoas acabam reproduzindo uma característica muito presente na cultura do Kpop, que além os idols terem prazo de validade devido sua idade, aparentemente seus fãs também tem.
Estigma musical
Em algumas culturas ou comunidades, pode haver um estigma associado a gostar de música ou entretenimento de determinados países, ou culturas. Este estigma pode levar as pessoas a sentirem-se envergonhadas ou julgadas pelos seus interesses. Considerando que os estilos musicais mais ouvidos no nosso país são o sertanejo, funk, arrocha, pagode, entre outros, fica compreensível a estranheza com os ritmos reproduzidos no Kpop juntamente com a língua coreana.
Estereótipos de gênero
O K-pop é frequentemente associado a uma base de fãs mais jovem, predominantemente feminina, o que pode contribuir para estereótipos e preconceitos de gênero. Alguns indivíduos, especialmente os homens, podem sentir-se desconfortáveis em admitir o seu interesse em algo percebido como predominantemente apreciado por outro gênero. O esteriótipo do homem que gosta do pop coreano é necessariamente gay é mais presente do que se imagina. A mulher fã de Kpop, também recebe um diferente tipo de esteriótico e muitas vezes é considerada tóxica, uma característica impregnada a todo fandom de Kpop por aqueles que não fazem parte do mesmo.
Percepção de fandom
Os fandoms de K-pop são frequentemente associados a fãs apaixonados e dedicados que podem ser vistos como excessivamente obcecados ou fanáticos. Algumas pessoas podem se preocupar em serem julgadas ou rotuladas como “obsessivas” por outras pessoas se expressarem abertamente seu amor pelo K-pop. Esse comportamento excessivamente apaixonado ou intenso, pode parecer e muitas vezes tóxico. Atacar indivíduos que criticam os seus artistas favoritos ou envolver-se em discussões online com fãs de grupos rivais gera a impressão de haver uma intensa competição e rivalidade entre fanbases de diferentes grupos.
Além disso, alguns fãs podem adotar uma mentalidade que chamamos de gatekeeper, são aqueles indivíduos que se consideram unicamente os “verdadeiros” fãs com base em critérios arbitrários, como conhecimento da história do grupo ou habilidade de falar coreano. Esta atitude de exclusão pode alienar os recém-chegados e afastar os que desejam se aproximar da cultura.
Infelizmente, como em muitas comunidades online, é muito comum observar alguns fãs de K-pop praticando cyberbullying, visando indivíduos que expressam opiniões contrárias às suas ou que criticam os seus artistas favoritos. Esse comportamento pode ter consequências graves e contribui para a percepção de toxicidade dentro do fandom. Por fim, as ações de uma minoria dentro do fandom de K-pop podem, às vezes, ofuscar a maioria dos fãs que apoiam, respeitam e entusiasmam seus artistas favoritos. No entanto, estes comportamentos negativos são frequentemente amplificados nos meios de comunicação e nas plataformas de redes sociais, levando à percepção de que todos os fãs de K-pop tem esses tipos de comportamentos obscuros.
É fundamental lembrar que os gostos e interesses de todos são válidos e não há vergonha em curtir K-pop ou qualquer outra forma de entretenimento. Abraçar seus interesses e encontrar pessoas que pensam como você e que compartilham sua paixão pode ajudar a aliviar sentimentos de vergonha ou constrangimento.
Se você está se sentindo envergonhado ou julgado por ser fã de K-pop, pode ser útil refletir sobre por que você se sente assim. Às vezes, as pressões sociais ou os estereótipos podem fazer com que as pessoas se sintam envergonhadas quanto aos seus interesses, mesmo quando não há razão para isso. É essencial abraçar o que você gosta e não deixar que as opiniões dos outros ditem a sua felicidade. Se o K-pop traz alegria e realização, não há razão para sentir vergonha disso.
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Real, tenho essa insegurança por ser do gênero masculino. Apenas amigos bem próximos sabem. E não falo para mais ninguém, além deles, por conta do preconceito da sociedade. Pode afetar até no trabalho e em relacionamentos.