K-Pop, grupos covers e a era das trends

O Kpop é um gênero musical adorado por todos. Desde o seu surgimento lá na década de 90 com os Seo Taiji Boys, sendo um dos primeiros grupos oficiais desse que viria a se tornar um movimento musical e um estilo de vida para muitas pessoas que passariam a ver nesse ritmo um estilo de vida. E com a dança não seria diferente, desde de 1992 até 2023 muitos grupos debutaram e enriqueceram o cenário da música coreana e acompanhada dessas músicas, viria as coreografias, que são marcas registradas de todos os grupos de kpop.

Tendo em vista o crescimento do interesse das pessoas em querer reproduzir as coreografias, as gravadoras, passaram a liberar vídeos de dance pratice dias depois do lançamento oficial dos grupos. Os dances pratice se resumem praticamente nos grupos sejam eles femininos ou masculinos, gravarem a coreografia da música principal na íntegra, geralmente eles gravam na própria sala de prática, onde ensaiam a coreografia, para que a mesma saia perfeita nas apresentações em programas ao vivo, por exemplo. Com o passar dos anos as gravadoras foram percebendo que esse tipo de conteúdo ficava cada vez mais popular entre as pessoas, os vídeos se tornavam cada vez mais populares e com números de views gigantescos, como o exemplo do grupo BlackPink, os seus vídeos de dance pratice acumulam milhões de visualizações no YouTube. Com isso as empresas resolveram incrementar um pouco mais o que era Dance Pratice, passava a se tornar Vídeo Performance. E o que diferenciava um do outro? A qualidade nas produções, enquanto as dance pratice eram distantes em termos de ângulo e com a qualidade baixa, os vídeos Performance eram mais próximos, com a qualidade em termos de nitidez e produção quase ou até mesmo iguais aos do MV.

SHINee foi o primeiro grupo de K-Pop a postar sua prática de dança, fazendo disso uma tendência até os dias atuais.

Os produtores e donos de gravadoras descobriram que as coreografias dos grupos eram uma forma de marketing rápido e eficaz para eles. Essa evolução se deu também com a chegada do movimento Hallyu (onda coreana) lá por volta de 1997, quando jornalistas chineses que se surpreenderam com a crescente popularidade de conteúdos de entretenimento sul coreano lá na China.

E com essa forte crescimento e com a chegada da internet, o Kpop desembarca com Brasil e tem o seu auge em 2018 com crescimento e sua popularização em praticamente todos os cantos do país e com essa nova paixão no coração das pessoas, jovens sentem a necessidade de montar grupos covers (que serão a cópia das Performance dos idols) e assim disputar competições em eventos de cultura Geek e com essa expansão cada vez maior os grupos deixam de se apresentar somente em eventos de cultura nerd, para também performarem em eventos de kpop e cultura coreana.

O cover de Alcohol Free do grupo B2 fez tanto sucesso que além de aparecer nos noticiários sul coreanos também foi elogiado por Momo, integrante do TWICE.

O que faz com que outro fator importante merece destaque, a formação desses grupos, dar um sentido e uma alegria a vida de muitas pessoas e também promove a interação social entre eles. Muitos estudos apontam que a dança ajuda no tratamento de doenças emocionais como depressão e ansiedade por exemplo, o que faz com que esses grupos promovam a felicidade e um alívio emocional para esses indivíduos.

Porém novas formas de se socializar viriam junto com o ano de 2020. Ninguém esperava que uma pandemia mundial, fariam com que todos ficassem presos em suas casas, os eventos de kpop pararam, os shows de kpop foram cancelados e muitos comebacks adiados, isso tendo em vista que naquele ano as pessoas não sabiam com o que estavam lidando e com isso todos estavam assustados. Desse modo a internet e consumo de redes sociais aumentou significativamente nesse período, as pessoas procuram uma forma de aliviar seus stress e ansiedade de estarem presas em suas casas e por isso se comunicavam com seus amigos e parentes por redes sociais, consumiam conteúdo de entretenimento por redes sociais como o YouTube por exemplo, as livres começaram a ser feitas, os artistas procuram uma forma de sobreviver e foi quando o surgirem as famosas dancinhas em aplicativos de vídeos curtos como por exemplo o Tik Tok, as pessoas encontravam nas Trends (abreviação para a palavra Tendência) uma forma de se divertir e ao mesmo tempo ganhavam popularidade também. O aplicativo se tornou extremamente popular, ganhando cada vez mais usuários ao redor do mundo, se tornando assim a rede social uma das redes sociais mais famosas do mundo.

Percebendo que os conteúdos que ali era produzidos na plataforma eram de danças rápidas e fáceis de memorizar, os coreógrafos e produtores dos grupos de Kpop resolveram adaptar as coreografias para essa nova era: a era das dancinhas, com o objetivo de que as suas músicas não caíssem no esquecimento, pois com o isolamento social daquele ano se tornava impossível fazer shows, ir a programas para promover seus lançamentos, em vista de que todos estavam confinados.

Essa estratégia deu certo, quanto mais fáceis era as coreografias, mais pessoas faziam, postavam os vídeos das dancinhas em seus perfis pessoais, mais pessoas viam e reproduziam essa mesmas danças, gerando assim um engajamento cada vez maior para aquela música, era uma espécie de propaganda gratuita que as pessoas estavam fazendo sem perceber e as músicas se tornando populares. As coreografias deixavam de conter passos complexos e passavam a ter passos simples, principalmente no refrão dessas músicas. Os pontos positivos dessas mudanças no estilo das coreografias de kpop, foi a democratização dos passos, ou sejam com passos de dança mais simples mais pessoas poderiam dançar e dessa forma sentirem que faziam parte de todas as formas de expressão arrisca do kpop desde a música até a dança. Outro ponto favorável é de que as músicas, ficavam por mais tempo na cabeça das pessoas e faziam com que os artistas não caíssem no esquecimento tão rápido como exemplo da solista Jessi que com as danças de Nunu Nana e Zoom os números de visualizações em seus mvs no YouTube aumentaram em números alarmantes, comparados a outros lançamentos seus.

Porém alguns pontos negativos de acordo com algumas pessoas é que a qualidade artística dos passos de dança perde um pouco a qualidade, tendo em vista não apenas a simplicidade, mas a rapidez que as coisas precisam ser feitas, a era das redes sociais trouxe uma urgência nas produções artistas, muitas vezes sem dar tempo dos próprios artistas "respirarem" para produzir. Outra questão é o que se refere ao ritmo da música associada aos movimentos, algumas dessas danças que são criadas pensando somente em plataformas de vídeos curtos, perdem um pouco desses movimentos alinhados as batidas da música. Ao exemplo de coreografias emblemáticas de grupos como Girls Generation, Miss A, 4Minute, EXO, Super Junior e dentre outros grupos que viravam suas coreografias antes da era do Tik-Tok. Claro que essas avaliações não remetem a realidade de todos os grupos, pois cada grupo, possui sua identidade e as coreografias também são moldadas através desses conceitos, se um grupo tem um conceito cute, sexy, glam, alegre, claro que as coreografias também iriam acompanhar esse estilo.

O que vem se destacar aqui é força que as redes sociais no que se refere também as produções artistas. O crescimento na popularidade dessas plataformas, fez com que as produções do kpop também se adaptassem a essa nova era que o mundo vive, isso é reflexo de nossas mudanças e dos novos interesses que temos em relação a entretenimento, hoje as pessoas não querem apenas assistir algo, desejam participar, sentir que fazem parte daquilo, daquele movimento também, nem que seja remotamente. Tendo pontos negativos ou positivos as redes sociais, influenciou o modo como os coreógrafos de kpop interpretam a dança e isso é uma realidade que se tornará cada vez mais viva e presente na sociedade. Isso é o que se chama de o novo normal? A pergunta que fica é: daqui a alguns anos o que será o novo normal? Quais são os fatores que irão influenciar nas produções artísticas futuramente?

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