Assim como no Brasil, 2022 está sendo um ano de eleição presidencial na Coreia do Sul e já que amamos tanto esse país, porque não paramos um pouco para aprender sobre o mais novo regente da nação que deu origem ao K-pop? O conservador Yoon Suk Yeol, do Partido do Poder Popular, garantiu a eleição por uma margem mínima na quarta-feira, superando o rival Lee Jae-myung por menos de um ponto percentual. Considerado um novato na politica por ter sua carreira de 27 anos como promotor, o mais novo presidente, enfrentará uma série de desafios quando substituir o presidente liberal Moon Jae-in na Casa Azul em 10 de maio.
Similaridade com Trump?
Oponentes e críticos ao novo presidente, apontam sua similaridade com o ex presidente norte-americano, Donald Trump. Ambos fizeram comentários que seriam ofensivos a outros países, elogiaram figuras políticas fortemente controversas, 'perseguiram' estrangeiros e mostraram uma má compreensão do feminismo. Além de serem simpatizantes de uma campanha anti-China, os dois também gostam de falar com sua base nas mídias sociais, cultivando um público forte de apoio de homens na faixa dos 20 e 30 anos, criticando as políticas de gênero progressistas de seu antecessor e questionando o feminismo.
Sul x Norte
Grande parte da campanha de Yoon se concentrou em sua postura dura em relação à Coreia do Norte, uma abordagem diferente do até então presidente Moon, que promoveu consistentemente o diálogo e a reconciliação pacífica . As relações intercoreanas são uma questão eleitoral importante, com as tensões aumentando em meio a um recente aumento nos testes de mísseis norte-coreanos. Para se ter uma noção, o principal rival de Yoon nesta eleição, Lee, do Partido Democrata, apoiou o tipo de engajamento recíproco e baseado na confiança buscado por Moon. Yoon, por outro lado, prometeu fortalecer as forças armadas da Coreia do Sul, mesmo insinuando que lançaria um ataque preventivo se visse sinais de um lançamento ofensivo contra Seul. Mas especialistas alertam que essa linha mais dura pode piorar as relações entre os dois países, alguns já temem que as tensões militares possam retornar aos níveis de crise.
"Construiremos uma força militar poderosa que pode seguramente impedir qualquer provocação para proteger a segurança e a propriedade de nossos cidadãos e salvaguardar a integridade territorial e a soberania de nossa nação"
Yoon Suk Yeol, eleito presidente da Coreia do Sul.
Igualdade de Gênero? Não.
Durante sua campanha, Yoon prometeu abolir o Ministério da Igualdade de Gênero e culpou a ascensão do feminismo e as mulheres serem mais assertivas sobre seus direitos na Coreia do Sul pela baixa taxa de natalidade do país. A Coreia do Sul é um país com um dos piores registros de direitos das mulheres no mundo desenvolvido, e as mulheres no país enfrentam violência e abuso de várias formas dentro e fora de casa. Especialistas dizem que as leis do país não prevêem punições suficientes para crimes contra meninas e mulheres e que a abordagem do sistema judicial da Coreia do Sul para crimes contra mulheres está ligada aos papéis de gênero na sociedade patriarcal do país.
Polêmico
Durante a campanha, uma das observações mais severamente criticadas por Yoon envolveu o que muitos observadores, incluindo eleitores, interpretaram como elogio ao ex-presidente Chun Doo-hwan, um ditador militar que era conhecido por seu tratamento brutal aos manifestantes pró-democracia na década de 1980, pelo qual Chiun nunca se desculpou até sua morte no ano passado, aos 90 anos. Isso te lembra algum episódio na nossa política brasileira?
+ Relação das eleições com o K-pop
Durante a temporada de eleições presidenciais, os ídolos do K-Pop devem tomar cuidado com simples gestos e cores. É porque durante o período eleitoral, as pessoas se tornam particularmente sensíveis a duas coisas: os números 1 e 2 e as cores azul e vermelho. Normalmente, a maioria dos eleitores sul-coreanos vai ao local de votação e escolhe entre "1" ou "2". O número um representa o Partido Democrata, também representado pela cor azul. O número dois representa o partido conservador Poder Popular, também representado pela cor vermelha. É por esse motivo que nesse período de eleição, alguns idols foram julgados por postarem fotos vestidos com roupas que representassem uma possível escolha política, recebendo críticas já que os internautas alegam errado "mostrar um viés partidário".
Por vivermos literalmente do outro lado do mundo é difícil julgar possíveis costumes e ideais de um país com passado histórico totalmente diferente do país em que vivemos. Internamente, na Coreia do Sul, havia um profundo desejo de ver mudanças políticas e as pequenas margens pelas quais Yoon venceu são indicativas de quão profundamente polarizado o espectro político da Coreia do Sul realmente se tornou. Mudança para o melhor ou para o pior ainda não se sabe, mas certamente a mudança ocorrerá, o que resta para nós estrangeiros é aguardar, enquanto isso podemos nos concentrar em mudar a política do nosso país que grita por ajuda e está ao nosso alcance.
É que ninguém é perfeito, nenhum pais é perfeito
É sobre isso..