Como as Carreiras Solo estão Mudando a Indústria do K-Pop

Nos últimos anos, a indústria do K-pop tem passado por uma transformação significativa, impulsionada pelo aumento do número de idols que optam por carreiras solo e pelo crescimento do empreendedorismo dentro do setor. O modelo tradicional, no qual os artistas eram totalmente dependentes de grandes empresas de entretenimento, está sendo gradativamente desafiado. Hoje, cada vez mais idols estão assumindo o controle de suas trajetórias profissionais, criando suas próprias empresas e redefinindo as relações entre artistas e agências. Esse fenômeno não só diversifica o cenário musical, como também altera a dinâmica de poder da indústria, dando mais autonomia e liberdade criativa aos artistas.

Um dos principais exemplos dessa tendência é Baekhyun, do EXO, que em 2024 fundou a I&B100 e levou consigo seus colegas de grupo Xiumin e Chen. Embora sigam sob a gestão da SM Entertainment para atividades do EXO, seus projetos solo agora são administrados de forma independente, permitindo-lhes maior controle sobre suas carreiras individuais. Jennie Kim, do BLACKPINK, seguiu um caminho semelhante ao criar a Odd Atelier (OA), um espaço dedicado à produção de conteúdos inovadores, refletindo seu desejo por liberdade artística. Enquanto isso, Lisa, também do BLACKPINK, expandiu sua atuação ao lançar a gravadora LLOUD e explorar o mercado ocidental com participações na série The White Lotus.

Kang Daniel, ex-integrante do Wanna One, também exemplifica essa mudança, tendo fundado a Konnect Entertainment para gerenciar sua carreira solo e de outros talentos emergentes. Zico, ex-BLOCK B, criou a KOZ Entertainment, que posteriormente foi adquirida pela Hybe, consolidando sua posição como um dos principais produtores da indústria. Siwon, do Super Junior, além de sua carreira musical, diversificou seus investimentos em imóveis e no setor de luxo. Já IU, uma das solistas mais influentes da Coreia do Sul, lançou sua própria empresa, a EDAM Entertainment, e ampliou sua influência como embaixadora de marcas globais como Gucci e Estée Lauder.

O impacto na indústria do K-pop

O crescente número de idols assumindo o controle de suas carreiras está provocando mudanças estruturais dentro da indústria do K-pop. Durante décadas, o modelo predominante girava em torno de grandes empresas como SM, YG e JYP Entertainment, que tinham total controle sobre os artistas, seus contratos e suas produções. No entanto, o movimento dos idols em busca de independência está desafiando esse sistema, permitindo que os artistas tenham maior participação nos lucros, maior controle sobre sua imagem e mais liberdade para explorar diferentes estilos musicais e colaborações.

Essa nova abordagem também está influenciando o mercado de trainees e novos artistas. Antes, era quase impensável que um trainee rejeitasse um contrato com uma grande empresa, pois essa era a única forma de entrar na indústria. Agora, com o sucesso de artistas que seguem caminhos independentes, há uma crescente conscientização de que existem alternativas viáveis fora do modelo tradicional. Pequenas agências e gravadoras independentes estão ganhando mais espaço, e novos artistas têm mais opções para construir suas carreiras de maneira mais flexível.

Além disso, o impacto pode ser visto na forma como os contratos estão sendo reformulados. Empresas maiores estão adotando abordagens mais flexíveis para evitar perder talentos, oferecendo acordos que permitem que idols tenham maior liberdade em projetos solo ou até mesmo em seus próprios negócios paralelos. Esse fenômeno também tem incentivado uma cultura mais voltada para a inovação e para a diversificação dos formatos de lançamento de música, com artistas investindo em plataformas próprias, NFTs, conteúdos audiovisuais independentes e colaborações internacionais.

Outro fator importante é o papel das redes sociais e das plataformas de streaming, que permitem que artistas independentes alcancem um público global sem a necessidade de uma grande agência para promovê-los. O TikTok, por exemplo, se tornou uma ferramenta poderosa para a divulgação de músicas e o engajamento direto com os fãs, possibilitando que artistas promovam lançamentos sem depender exclusivamente de estratégias de marketing tradicionais.

O futuro do K-pop: um novo modelo de negócios?

A ascensão dos idols empreendedores pode indicar uma mudança de paradigma na indústria do K-pop. Embora as grandes agências ainda desempenhem um papel crucial no desenvolvimento de novos artistas e na promoção de grupos de grande escala, a crescente busca por independência sugere que o modelo tradicional de gerenciamento totalitário pode não ser sustentável a longo prazo. A diversificação do mercado, impulsionada pelo empreendedorismo dos idols, pode criar um ambiente mais competitivo, onde artistas têm mais opções e poder de negociação.

Outro fator importante é a globalização do K-pop. Com a popularização do gênero fora da Coreia do Sul, os idols estão cada vez mais focados em construir marcas pessoais que transcendam o mercado asiático. Empresas independentes permitem que eles tenham uma abordagem mais direcionada para suas carreiras internacionais, explorando mercados como o americano e o europeu de forma mais livre e inovadora.

A presença dos idols em outras áreas do entretenimento também reforça essa nova era do K-pop. Muitos estão investindo em atuações em filmes e séries internacionais, criando seus próprios programas de variedades ou se tornando influenciadores digitais. Esse movimento amplia o alcance do K-pop, permitindo que artistas construam carreiras multifacetadas sem depender exclusivamente de lançamentos musicais.

Se essa tendência continuar crescendo, é provável que vejamos um aumento ainda maior no número de idols que deixam suas agências para gerir suas próprias carreiras. Isso pode levar a um mercado mais diversificado, onde artistas de diferentes estilos e origens possam encontrar espaço para se destacar sem precisar se encaixar no modelo tradicional das grandes empresas.

A transformação do K-pop impulsionada pelo crescimento das carreiras solo e do empreendedorismo dos idols está redefinindo os padrões da indústria. Artistas como Baekhyun, Jennie, Lisa, IU, Zico e Kang Daniel estão abrindo caminho para um novo modelo, onde a liberdade artística e a autonomia financeira são cada vez mais valorizadas. Essa mudança desafia o monopólio das grandes agências e cria novas oportunidades para artistas emergentes, tornando o K-pop um mercado mais dinâmico e diversificado.

Embora as grandes empresas ainda exerçam forte influência sobre a indústria, o crescimento do número de idols empreendedores mostra que o futuro do K-pop pode ser mais descentralizado e adaptável. Com a evolução do mercado e a busca crescente por independência, o K-pop pode estar entrando em uma nova era—uma em que os artistas não são apenas estrelas, mas também gestores, criadores e visionários, capazes de moldar suas carreiras de acordo com sua própria visão.

Se essa tendência continuar, é possível que vejamos um cenário onde a inovação e a liberdade artística se tornem a nova norma, desafiando as estruturas que por tanto tempo definiram a indústria do entretenimento sul-coreano. Isso pode levar não apenas a um K-pop mais diversificado e acessível, mas também a um modelo onde o talento e a criatividade individual se tornem os principais impulsionadores do sucesso, e não apenas a estrutura corporativa por trás dos grupos e artistas.

Conteúdo exclusivo, não reproduzir sem os devidos créditos!

Fontes: 1 | 2 | 3