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Foto do escritorJéssica Caroline

A HISTÓRIA DOS K-DRAMAS (PARTE 2): do antigo estilo sageuk aos dramas como conhecemos hoje



Na semana passada conhecemos os primeiros passos dos k-dramas por volta de 1950, quando a Coreia do Sul, ainda estava em meio a Guerra das Coreias e sofria bastante com a pobreza. Naquela época, os poucos dramas nacionais eram influenciados e controlados pelo governo, que determinada seu conteúdo.


A década de 1960, foi importante porque trouxe novos canais, concorrentes da KBS. Veio a Tongyang Broadcasting (TBC), a Dong-A Broadcasting Station (DBS) e a Munhwa Broadcasting Corporation (MBC), iniciando assim, a competição por audiência e o consequente investimento na produção e promoção dos k-dramas.


Nos anos que se passaram, com as quatro emissoras, as séries passaram a se inspirar na difícil vida da população coreana em meio a pobreza resultante da guerra dos anos anteriores. Mas sem deixar de lado o gênero histórico, que já era muito comum, retratando figuras históricas e heróis nacionais. Esse tipo de gênero também era consequência dos recursos limitados; por conta disso, séries de ação ou ficção científica, por exemplo, eram importadas dos EUA para exibição.


Nos anos 1980, a TV em cores alcançou as casas das famílias coreanas, o que fortaleceu ainda mais a audiência das séries históricas. Como por exemplo, 500 Years of Joseon Kingdom (조선왕조500년; Joseonwangjo 500 nyeon), uma série de dramas, que durou, incríveis, 8 anos (de 1983 a 1990) e foi dividida em 11 temporadas que retratava os 500 anos da Dinastia Joseon, transmitida pela MBC.


Começaram também k-dramas que retratavam a realidade de seus telespectadores, com histórias urbanas, a vida rural, histórias mais adolescentes e a inclusão do romance. Um exemplo de grande sucesso foi o K-drama também da MBC, exibido no ano de 1987, Love & Ambition (사랑과 야망; Saranggwa yamang), com recorde de audiência de 78% na época. Trazia como centro da trama, a vida de uma família que sai de uma cidade pequena para Seul, depois da morte de seu patriarca, lutando para melhorar de vida e fugir da pobreza.



No ano seguinte, em 1988, Seul, a capital da Coreia do Sul foi a sede dos Jogos Olímpicos, o que permitiu, durante esse período, o país conquistar parceiros internacionais e fortalecer o seu patriotismo e seu espírito nacional. Mas também foi mais uma oportunidade que os Estados Unidos usaram para inserir as suas produções e consequentemente sua cultura de forma mais intensa.


O estilo de histórias e formato como conhecemos hoje, porém, só veio na década de 1990, substituindo o formato de séries históricas. Foi nesse período também que foi inaugurada a Seoul Broadcasting System (SBS), que trouxe no ano de 1995 um dos maiores dramas da história da Coreia: Sandglass (que você pode encontrar no “Cadê meu Dorama Antigo”) que retratava a história de amor da filha de um dono de cassino com um jovem integrante de uma gangue envolvida na política.



Sandglass foi um marco histórico dos k-dramas, produzida pela SBS. Primeiro porque foi dirigido por uma mulher, Song Jina, e segundo porque retratou o Levante de Gwangju de forma real e aberta, o que impulsionou o desenvolvimento da TV sul coreana e influenciou na condenação de Chun Doohwan, o presidente à época do regime militar, quando centenas de civis foram mortos em Gwangju pelo governo militar em um protesto em prol democratização.


Foi nessa época também que o formato de séries composta por 12 a 24 episódios, como conhecemos hoje, se fixou. Sandglass, por exemplo, teve 24 episódios. Foi nesse período também que o governo, percebendo o crescimento do consumo de filmes e séries, resolveu investir nesse setor nacional, através de investimentos fornecidos pelos conglomerados nacionais como Hyundai, Samsung e LG.


E uma curiosidade muito legal, um dos atores dessa produção foi Lee Jungjae, que protagonizou Round 6 (Squid Game) como Gihoon, o ganhador do prêmio final do jogo.



Outro sucesso foi Eyes of Dawn (여명의 눈동자; Yeomyeongui nundongja) o primeiro sucesso comercial real que teve um investimento grandioso na produção pela MBC. Ao longo de quase 40 episódios, a série se passa desde o início do domínio japonês, passando pelas duas Guerras Mundiais, até a Guerra da Coreia. Baseada no romance de 10 volumes de mesmo nome de Kim Seongjong, publicado 10 anos antes, em 1981.



O terceiro k-drama de grande sucesso e representatividade desse período foi Jealousy, mas um drama da MBC de 1994, com 16 episódios, que trazia uma roupagem mais moderna para as histórias, conquistando principalmente o público mais jovem.


Além disso foi uma das primeiras produções a associar imagem com trilha sonora, algo a que estamos tão acostumados hoje, mas um recurso novo para a época, além de inovar na forma de gravação trazendo novos ângulos e métodos. Inaugurando uma nova era no mundo dos dramas utilizando o estilo de vida moderno e urbano, como comer em lojas de conveniência, por exemplo. Foi através desse drama também que se iniciou a cultura de popularização de atores ditando todo um estilo de vida, modos e padrões.


Acompanhe uma cena do drama:



É aqui que chegamos ao final do século XX e adentramos os anos 2000 onde os k-dramas começam a ganhar espaço fora da Coreia do Sul, mas essa história, fica para a próxima semana.


Fontes: (1) (2) (3).

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