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A História da Coreia do Sul nos dramas, um assunto delicado

Foto do escritor: RamiRami


O drama "Snowdrop" grande estreia de Jisoo (BLACKPINK) como atriz, desde seu anúncio chamou a atenção de todos, porém, não por motivos considerados tão bons. O drama que estava previsto para ter a sua estreia no início de 2021 acabou estreando dia 18 de dezembro do mesmo ano, devido a época em que a história é contada, na ditadura militar coreana. Não é de hoje que sabemos como é difícil e delicado representar períodos históricos e políticos na teledramaturgia coreana, nesse mesmo ano o drama "Joseon Exorcist" foi cancelado depois de ter apenas dois episódios idos ao ar, outros dramas também já foram criticados pelo modo que representaram a história sul coreana. Isso nos faz indagar porque os sul coreanos são tão críticos em relação a abordagem de assuntos desse tipo em âmbito da arte, não dando espaço algum para a licença artística.



Indo ao ar com apenas dois episódios e desempenhando um bom índice de audiência, o drama "Joseon Exorcist", não suportou as críticas que lhe foram designadas sobre a deturpação de um período da história coreana e foi cancelado pela emissora SBS. O show foi ambientado no início do século XV, durante o reinado do Rei Taejong, o terceiro monarca do Reino de Joseon (1392-1910). Embora conte uma história fictícia e sobrenatural, o público coreano ficou incomodado com a representação do Rei Taejong como um tirano, matando civis inocentes devido a uma alucinação no início do primeiro episódio. Outro ponto de preocupação foi com a representação do Príncipe Chungnyung, um personagem que se torna o Rei Sejong, a figura histórica mais reverenciada da Coreia, como a exibição dele sendo entretido por gisaeng (cortesãs), mulheres que entretiam homens na época. Uma cena em particular também gerou polêmica por apresentar elementos da cultura chinesa, como objetos e comida. A produção do drama chegou a divulgar um comunicado explicando o uso de tais adereços, apontando que a cena foi ambientada perto da fronteira histórica entre a Coreia e a China da dinastia Ming, mas isso não foi o suficiente para conter a revolta dos telespectadores coreanos já que alguns chineses clamam que ativos culturais coreanos como hanbok e até mesmo o kimchi, têm raízes na cultura chinesa.


O famoso drama de histórico de comédia "Mr. Queen" precisou de um "guia administrativo" em sua produção devido a cenas que foi consideradas controversas. Uma orientação administrativa é fornecida para violações menores dos regulamentos de transmissão e não tem implicações legais para as emissoras, assuntos mais sérios enfrentam restrições legais, multas e deduções nas avaliações de transmissão que podem dificultar a renovação dos direitos de transmissão. As cenas em questão são onde os registros veritativos da Dinastia Joseon eram chamados apenas de tablóide e jogos de bebida eram tocados com música durante um ritual ancestral real no santuário de Jongmyo. O drama chegou ao fim sem ser cancelado, entretanto, foi removidos das plataformas coreanas e ainda existem petições para que o drama também seja removido de plataformas internacionais.


"Mesmo quando as características atribuídas ao drama são levadas em consideração, o drama deprecia o valor histórico de tesouros nacionais e propriedades culturais intangíveis como os Registros Veritativos da Dinastia Joseon, o ritual ancestral real no Santuário de Jongmyo e sua música, entre outros"

Comissão de Padrões de Comunicações da Coreia, sobre o drama "Mr.Queen"


Os membros da indústria televisiva coreana estão preocupados com esse tipo de repercussão e destino de dramas históricos possa desencorajar os criadores de produzir ficção histórica ou fantasias no futuro, por medo da censura pública. Mas os especialistas afirmam que não é uma questão de limitação da imaginação se os produtores realizam pesquisas históricas de maneira adequada antes de criar personagens ou enredos. Também, apontaram a importância das emissoras em sistemas de verificação cruzada para revisar o processo de produção e filtrar as "fontes problemáticas" durante a pré-produção.


Pessoas, principalmente as estrangeiras, podem estranhar a motivação dos coreanos ao criticarem e cancelarem dramas e filmes que não representem a história do seu país fielmente, mesmo que todos saibamos que tudo aquilo é fictício. Entretanto não temos a bagagem histórica de coreanos que passaram por isso e tiveram familiares passando por esses momentos tão importantes para a formação de sua nação. Historicamente, a Coreia do Sul já passou por momentos de censura de sua própria cultura e pela imposição de culturas estrangeiras. A luta pelo direito de expressar a sua própria cultura sempre foi recorrente, coreanos são extremamente nacionalistas e em todos os aspectos e áreas eles buscam valorizar sua própria cultura e história. Uma possível distorção da luta do povo coreano, de fato, é um incomodo pra todos aqueles que lutaram por esses direitos. O desejo de manter uma boa imagem de importantes figuras históricas é um modo que eles encontram de preservar esse amor pela nação entre os mais jovens e de passar a imagem de um país ideal e de respeito para o mundo. Entretanto ao censurarem novas interpretações e representações desses períodos de forma claramente evidenciada como fictícia não estaria o povo coreano também censurando a sua própria cultura? É muito difícil opinar em uma cultura totalmente alheia a nossa, é sempre muito importante e interessante estudar mais sobre a mesma, antes de julgar o posicionamentos dos nativos de lá.




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