Comédia romântica é de longe o gênero mais tradicional dos k-dramas, não é por outro motivo que quase diariamente uma nova história com a temática é lançada, mas sempre há aqueles que chegam devagar, sem prometer nada, porém entregam tudo.
Esse é o caso de Love To Hate You, a comédia romântica que chegou com 10 episódios recentemente à Netflix. Mas qual seria o motivo para o sucesso do drama?
A resposta é simples, afinal a fórmula já é bastante conhecida: enemies to love (pessoas que se odeiam, mas acabam se apaixonando); bromance de alta qualidade que nos garante muitas cenas divertidas; relacionamento por contrato; e personagens cativantes e com problemáticas reais.
Acha que não? É só olhar o exemplo do ano passado “Pretendente Surpresa” que com os mesmos elementos conquistou maioria esmagadora do público dentro e fora da Coreia do Sul. E Love To Hate You agora repete essas características e conquista a quem assiste.
Ao longo de seus 10 episódios que possuem uma média de 50 minutos, acompanhamos o relacionamento da advogada Yeo Miran e do ator popular Nam Kangho. Kim Okvin (de Arthdal Chronicles) dá vida a advogada, uma mulher moderna, independente e que não tem medo dos perigos: seja em um caso de algum cliente, ou batendo em caras maus no caminho de volta para casa.
Já Kangho, interpretado pelo ator de origem alemã Yoo Teo, é um ator que está no auge da carreira, mas aparentemente tem problemas em se relacionar com mulheres, afinal a maioria das atrizes com quem ele já trabalhou choraram por sua causa. Consequentemente, por conta dessa dificuldade de se relacionar com o sexo oposto, muitos suspeitam que Kangho seja gay.
Miran e Kangho naturalmente não se conhecem pelos meios tradicionais, o que causa algumas confusões até certos pontos sobre a vida de Kangho serem esclarecidos. Toda essa confusão construída, obviamente para fazer os espectadores torcerem pela felicidade do casal enquanto tem crises de risos com as cenas mais absurdas que se pode imaginar.
Mas para uma fórmula exata de sucesso, não basta que os protagonistas da história sejam cativantes, os personagens secundários também precisam fazer a sua parte. E nesse ponto o executivo Do Wonjun (Kim Jihoon, de Money Heist: Korea - Joint Economic Area e o mais novo crush das dorameiras) e a comissária de bordo Shin Naeun (Go Wonhee, de Welcome to Waikiki), executam bem seus papéis.
Wonjun é o melhor amigo e empresário de Kangho, apesar de ser o dono da agência a qual Kangho está vinculado e ter diversos outros artistas, Wonjun faz questão de cuidar pessoalmente do melhor amigo, sendo seu braço direito e resolvendo seus problemas. Wonjun é um homem tão lindo quanto seu amigo, mas ao contrário deste, possui uma personalidade tranquila e amigável, sempre se dando bem com as pessoas a sua volta logo de cara.
Já Naeun, amiga de Miran e com quem a advogada divide um apartamento, é uma comissaria de bordo que já foi enganada inúmeras vezes por ex-namorados, afinal ela não pode ver um rostinho bonito que já se apaixona, segundo palavras da própria amiga. Não é a toa que quando conhece Wonjun, Naeun vai fazer de tudo para não se deixar influenciar pela beleza e atenção que o gato lhe oferece.
Só que para que tudo isso se torne um grande sucesso, como Love To Hate You tem alcançado, há mais um detalhe que a série possui. Em vez de personagens caricatos e distantes da realidade, cada um dos protagonistas pode ser confundido com pessoas reais o que faz com que nos identifiquemos com seus papéis.
Longe dos protagonistas masculinos que demonstram seu “amor” através de atitudes possessivas, Kangho e Wonjun são homens “normais” com falhas e limitações comuns, ambos são donos de suas próprias vidas e vivem de acordo com experiências nem sempre boas, mas naturais, que todo mundo pode enfrentar.
Já Miran e Naeun são mulheres comuns e independentes, Miran em especial sempre que tem oportunidade quebra algum tabu e faz comentários realista sobre a sociedade machista em que vivemos, afinal, ela não tem vergonha de dizer que já teve vários namorados, gosta de sexo, prefere não ser tratada como uma princesa intocável quando está em relacionamentos e não precisa de um homem para definir sua vida.
O que faz lembrar muito outro drama recente que foi um verdadeiro sucesso: Hit the Spot (cuja resenha basta clicar aqui para ler). O k-drama conquistou muitos fãs por não ter medo de falar sobre assuntos considerados desconfortáveis, tratando não somente sobre sexo, mas do que as mulheres gostam e o que as mulheres querem.
Todas essas personagens femininas, cada uma em seu próprio universo, faz questão de ressaltar que a ideia de que mulher é o “sexo frágil”, é, na verdade, uma mentira inventada por homens que tem medo do poder feminino. Pois a realidade é que mulheres podem ocupar o espaço que quiserem, basta desejar por isso.
Claro que o caminho a percorrer é longo e alcançar o alvo não é tão simples, mas seja a dupla de amigas de Hit The Spot no seu podcast sobre sexo, ou seja Miran como a primeira advogada do Gilmu, um escritório de advocacia que só atende celebridades e é conhecida pelo alto nível de machismo, por só aceitar advogados homens, com passos lentos, mas persistentes, as mulheres tem mostrado todo o seu poderio e capacidade (ainda que ela não tenha a obrigação de provar nada a ninguém, que fique claro) e os k-dramas mais recentes têm demonstrado isso.
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