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  • Foto do escritorRami

É okay, não estar okay no K-Pop?


O mundo do k-pop essa semana se espantou com o caso do Omega X, que foram destratados pela própria CEO da empresa responsável pelo grupo. No vídeo divulgado, fica claro ao nossos olhos o cansaço físico e principalmente mental dos membros, essa polêmica resultou em uma grande preocupação e indignação por como a saúde mental dos idols é tratada em um país que negligencia o reconhecimento e tratamento de distúrbios psicológicos. A pergunta que agora, paira na cabeça de todos os fãs preocupados com seus seus ídolos é: Até que ponto a Coreia do Sul vai deixar essa situação chegar para tomar medidas de proteção dos artistas da indústria contra esses tipos de abuso?



Para início de conversa devemos lembrar de como a saúde mental é tratada na Coreia do Sul. Por ter uma cultura perfeccionista e workholic, a sociedade coreana lida com a pressão e o estresse desde cedo, o resultado disso pode ser visto nos altos índices de suicídio no país. Apesar desta crise nacional de saúde mental, o problema raramente é discutido, muitos sul-coreanos costumam descrever as discussões sobre o assunto como um tabu, uma mentalidade profundamente enraizada na consciência pública, tornando as tentativas de uma conscientização e defesa da saúde, amplamente dificultadas. Essa realidade se manifesta na vida cotidiana: apenas 20% dos sul-coreanos procuram assistência médica mental quando estão deprimidos, e quase 75% dos idosos sul-coreanos sugerem que a depressão e outros problemas de saúde mental são um sinal de fraqueza.


Os idols tem seu psicológico prejudicado desde muito cedo. O processo de ser trainee começa em uma idade muito jovem e as empresas costumam não ter nenhum sistema para cuidar da mente e foca somente no processo de treinar e transformar esses adolescentes em cantores, dançarinos, atores e em geral indivíduos perfeitos. No entanto, mesmo que pouco, se observa que hoje em dia existem mais empresas que estão tentando cuidar do psicológico de seus subordinados. Mas ainda assim, embora as empresas tenham melhorado disponibilizando tratamento com terapeutas, devido ao preconceito instaurado sobre esse assunto, os trainees ainda hesitam em desabafar e se sentem sem liberdade de contar seus reais problemas por medo de afetar a sua chance de debut. A principal questão com a qual os trainees se preocupam é que eles não querem parecer "alguém com quem se preocupar".


Muitos ainda tem a ideia que depois do debut, a vida do idol é só alegria, já que seu sonho enfim foi realizado. Infelizmente não é o que acontece, inclusive a pressão em cima desses jovens aumenta proporcionalmente ao dinheiro investido em suas carreiras. Muitos deles, tem que lidar com isso ainda menores de idades e sabe-se que a fama tem enormes efeitos negativos sobre as crianças, tanto física quanto mentalmente. Submetidas a um nível alto de estresse, eles tornam-se mais propensos a desenvolver vícios como o álcool e um comportamento autodestrutivo. O estresse nas crianças à medida que elas se desenvolvem tem efeitos duradouros além de roubar a vivência de uma infância normal, uma fase de nossa vida que é muito importante para a definição do nosso caráter. A conscientização dos efeitos da fama com tão pouca idade pode ajudar a trazer mudanças para a indústria que entretanto, parece estar tomando um sentido contrário, debutando ídolos cada vez mais jovens.


O idol é uma figura criada para representar a perfeição. Espera-se que eles transmitam uma imagem inocente, nunca briguem, sejam sinceros e principalmente, trabalhem duro. Somente se você puder viver de acordo com os padrões, você se qualificará para se tornar um participante de sucesso nessa indústria e mesmo que você se torne uma estrela, você será criticado pelo público e pela mídia no momento em que der um passo em falso. Como consequência, esses artistas se acostumam a não expressar seus sentimentos, e isso gera ansiedade emocional, porém, alguns estão tão condicionados a esse modo de viver que os levam a pensar que essa angústia compensa o fato de pelo menos terem debutado. Além disso, a mídia opta por destacar casos de sucesso de ídolos que superaram dificuldades para se destacarem, glamourizando o sofrimento enfrentado pelos mesmos, prova disso são os programas da série Produce.


Ao longo dos anos, podemos notar que muitos ídolos tiveram que fazer pausas em suas atividades para se concentrar em sua saúde mental. Eles recebem comentários de ódio, se sentem sozinhos, enfrentam desavenças entre seus próprios membros, enfrentam incansáveis ensaios e promoções para novos álbuns, tudo isso em busca do sucesso que não acaba com esse sofrimento. Até mesmo os já são consagrados e que possuem anos de indústria recebem olhares negativos ao se abrirem sobre sua luta com saúde mental, já que se tem a ideia que essa pressão é o preço inevitável da fama e da riqueza. A coragem desses artistas é imprescindível para o início de alguma mudança do estado atual da indústria em relação à esse assunto, isso inclusive afeta o público em geral que ao ver seu ídolo tomar essa atitude se sentem mais confiantes e dispostas a procurar ajuda médica e essa influência positiva não se limita aos coreanos, mas também a todos os fãs de K-pop.


Sentir um forte apego ao um ídolo específico não é incomum no fandom de K-pop. Esses artistas inspiram e tranquilizam as pessoas por meio de suas músicas, transmissões ao vivo e até mesmo suas personalidades em geral, incentivando os fãs e oferecendo conforto em tempos difíceis. Tais influências positivas podem melhorar o bem-estar psicológico dos fãs, especialmente quando o conforto é difícil de encontrar em outro lugar. Muitos se consolam com as mensagens positiva de letras das músicas, essa abertura emocional promove uma cultura de compreensão sobre saúde mental no fandom ajudando ainda mais os fãs a passarem por momentos difíceis.


Assim como os idols se tornaram importantes para a saúde mental de seus fãs, os mesmos são extremamente importantes para a melhora da abordagem do assunto sobre problemas psicológicos na indústria. Se espera que nós fãs, entendamos que ninguém pode ser perfeito. Portanto, só porque seu bias confessa seus problemas pessoais não podemos os deixar de lado, já que aqueles de fora do fandom julgarão tais confissões.


Recomendação:

Documentário que mostra o duro processo de estreia do 9muses.



Fontes:1|2|3|4|5|6|7


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